sábado, 30 de maio de 2009

calmaria articulada

o teu eterno descuido
te levará a extremidade
te fará passar por muito
e te ensinará a viver

teu senso de despreocupação
tua calmaria atordoante
tua tranquilidade exorbitante
se torna teu maior perigo

e então quando fugir do teu controle
te olhararás e ficarás perdida
chorando inconsolável e desesperadamente
como cria desgarrada da mãe

é quando conhecerás a dureza e a perfídia
a que todos estamos expostos nesta vida

terça-feira, 19 de maio de 2009

megalomania

É sempre vísivel em nossa cidade um complexo de megalomania entre sua população referente aos setores da classe média. Em Belém, se você aufere rendimentos de determinadas proporções, têm motivos para se considerar uma espécie cidadão de "Beverly Hills" no Brasil. O fato é o seguinte: a maioria da população paraense de classe média, ou classes B e C, em sua maioria, tem um complexo de megalomania, entendo-se "superior" aos demais, e considerando que possui justificativa suficiente para ser esnobe, arrogante e mandar em todo mundo.
O fato é que nós, paraenses, e mais especificamente belenenses, temos a pura noção da cidade em que vivemos. Belém é uma cidade do Norte do Brasil, a região mais pobre do Brasil, ou seja, onde menos circula renda, o que, por conseqüência, faz com que a ppulação de baixa renda seja significativamente superior a minoria. Isso gera uma desigualdade tremenda, juntamente com a proliferação de "favelas", invasões e bairros onde predomina a extrema pobreza.
Por mais que a situação do país venha melhorando muito nos últimos anos, ainda não é suficiente para vislumbrar para nossa região uma perspectiva igual ao do eixo Centro-Sul do país.
Além disso, nesta cidade, pela sua distância e sua "recente" conexão com o resto do país (vide Belém-Brasília em meados de 70), tem em seu teor uma população predominantemente provinciana, ou seja, com ares de cidade pequena, no popular, "matuto". Dessa maneira, muitas pessoas, recentemente, ascenderam socialmente, graças ao crescimento econômico mundial recente e mais especificamente o brasileiro. Frente à isso, podemos colocar que isto tornou os belenenses de certa forma deslumbrados com a magnificitude do poderio econômico ao qual não estavam acostumados.
Fora esses, podemos citar imigrantes de outras regiões do país e lugares ainda menos favorecidos que vieram em busca de emprego e acabaram por ascender socialmente e financeiramente, encontrando seu lugar.
Em poucas palavras, a maioria ainda sem capacidade de encontrar seu lugar em uma sociedade predominantemente moderna, onde o individualismo deveria ser deixado de lado, em prol da maioria, ao menos na teoria.
Tudo isso faz com que Belém seja isso que é atualmente, com seus problemas e suas características entre sua população mais abastada, carecendo de uma mentalidade e sofrendo de problemas que ainda precisam entrar na cabeça dessas pessoas para começarem a serem corrigidos.

domingo, 3 de maio de 2009

despertar

E então ele viu-se no mundo dos loucos. Aquele um onde não há limites, nem mesmo regras. Foi quando ele compreendeu o tortuoso caminho pelo qual a humanidade se inclinava, e o quão distantes da verdadeira sanidade eles estavam. Sentia e compreendia o mundo da maneira que se encontrava. E entendia também as razões que o levaram a isso. Cada vez que inspirava, sua consciência o tornava mais são, quando se olhava de fora e percebia o quão louco estava. Cada devaneio que fazia entendia os problemas, as dificuldades, e se perguntava: porque? E se perguntava quem responderia, se havia alguém ao menos capaz. Sua consciência aumentava e via as guerras, a fome, o individualismo, colidindo com os princípios básicos da existência: o amor.
E então ele acordou, e viu-se de volta ao mundo são, aliviado. O que o assustou foi por um momento pensar que agora estaria verdadeiramente no mundo dos loucos, onde não há limites, nem regras, reais. Mas logo esqueceu e dedicou-se ao seu despertar habitual de toda manhã.