quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Arctic Monkeys - Humbug (2009)



Antes de mais nada, gostaria de dizer que o objetivo desta crítica é puramente dar uma opinião pessoal acerca do disco.
Pois bem, o Arctic Monkeys, banda inglesa, lançou recentemente o disco Humbug, o terceiro de sua carreira, e foi alvo de variadas críticas. Inicialmente porquê, quando uma banda desse cacife, como é o caso do Monkeys - hype de outras épocas - lança os discos subseqüentes ao primeiro, tem toda a atenção e a língua afiadíssima da crítica pronta para mordiscar. E dessa vez, logicamente, não foi diferente. A crítica então, como esperado, caiu em cima, porquê o albúm é mais lento, com mais experimentalismos, blablabla, não é o esperado, fans não gostarão.
O que se vê neste álbúm, na minha visão, é a maturidade do vocalista Alex Turner, passando provavelmente por vastas experiências músicais desde que saiu ali de Sheffield e diversas novas influências, sem falar nos outros integrantes da banda. Resultado: um disco novo, diferente de muitas coisas que já se viu. E se tem algo a se esperar no mundo da música, é isso, inovação, originalidade. Tá bom dessa coisa de british-indie-rock-fifteen-years-old-hype, o que vale é a originalidade, capacidade de criar coisas novas, evoluir musicalmente e conquistar novos fans.
E esse álbum novo não deixa dúvidas de que todos esses atributos estão aí, so esperando para cair na graça do povo.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

medo

Tento ser força
tento ser liberdade
mas minhas energias
se consomem num gesto de piedade

e toda a coragem de um homem
toda a máscara posta à frente
se esvai ao mínimo toque
cai num passo de desespero latente

então é quando mostra sua face
consumida pelo puro pavor
o mais forte guerreiro declina
agonizando e demonstrando sua dor

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

choro d'alma

ah como chora minha'lma
que numa vã agitação
se sufoca nas mazelas diárias
clamando por um vôo de liberdade

sábado, 27 de junho de 2009

silentes apelos

Minha voz emudece no ar. Como se contivesse o choro e a agonia. Se Misturam com a tristeza e a revolta. E criam respingos de vingança por ser clamada. Em minha inerte atitude forçada. Nunca sei a quem recorrer. Minhas instâncias se acabam em mim. E nem protestos veementes resolverão. Se há um caminho para apelar. Que sejam as palavras viajantes. Que a duros ouvidos acabam por penetrar. E dificeis mentes hão de tocar.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

monólogo

E o que é a vida. O que somos nós, senão animais organizados hierarquicamente em sociedades, buscando o próprio prazer e satisfação pessoal, seja pelo bem, ou pelo mal, tudo dentro dos próprios padrões históricos construídos por nós mesmos, ou, melhor dizendo, por nossos ancestrais.
O que te leva, verdadeiramente, a reunir forças para acordar hoje e ir trabalhar? Dinheiro, satisfação, noção de comprometimento com o todo, prazer, balela. Tudo construído com base em valores sociais, pautados através dos tempos. Religiões? Arquitetadas de acordo com interesses de governantes e poderosos, que mais buscavam o prazer do que qualquer outra coisa. E Deus? Seria a resposta para tudo? Seria ele o destino? Aquela força que imputa pensamentos, derruba árvores, impulsiona mentes, tira forças, reúne indivíduos, separa corpos? Seria ele bom, ou mal? Não, bom e mal são conceitos inventados. Não existe bem ou mal, Deus e Diabo, seja no cristianismo, seja no hinduísmo, islamismo ou qualquer outra. Conceitos criados para amedrontar, para controlar.
Destino, seria a chave? Como um texto cheio de lacunas, a ser preenchido por nós. Imaginemos então que nossos textos estão escritos, e apenas precisando ser preenchidos ao longo de nossas vidas. Seriam as religiões criação deste ser denominado Deus? Meios para assegurar a sobrevivência dos homens, seja pelo medo, seja pela fé?
E se nada disso há? Se somos animais evoluídos? Que possuem suas conceituações evoluídas a partir de conceitos primitivos, existentes em qualquer raça animal. Como primatas que passavam a cultuar um líder, ou uma pedra, esculpida por um evento da natureza ao acaso, cuja forma passaram os primatas a considerar divina? Se evoluímos daí, e milhares e milhares de anos apenas serviram para aprimorar e esculpir a sociedade atual?
Nunca saberemos.

sábado, 30 de maio de 2009

calmaria articulada

o teu eterno descuido
te levará a extremidade
te fará passar por muito
e te ensinará a viver

teu senso de despreocupação
tua calmaria atordoante
tua tranquilidade exorbitante
se torna teu maior perigo

e então quando fugir do teu controle
te olhararás e ficarás perdida
chorando inconsolável e desesperadamente
como cria desgarrada da mãe

é quando conhecerás a dureza e a perfídia
a que todos estamos expostos nesta vida

terça-feira, 19 de maio de 2009

megalomania

É sempre vísivel em nossa cidade um complexo de megalomania entre sua população referente aos setores da classe média. Em Belém, se você aufere rendimentos de determinadas proporções, têm motivos para se considerar uma espécie cidadão de "Beverly Hills" no Brasil. O fato é o seguinte: a maioria da população paraense de classe média, ou classes B e C, em sua maioria, tem um complexo de megalomania, entendo-se "superior" aos demais, e considerando que possui justificativa suficiente para ser esnobe, arrogante e mandar em todo mundo.
O fato é que nós, paraenses, e mais especificamente belenenses, temos a pura noção da cidade em que vivemos. Belém é uma cidade do Norte do Brasil, a região mais pobre do Brasil, ou seja, onde menos circula renda, o que, por conseqüência, faz com que a ppulação de baixa renda seja significativamente superior a minoria. Isso gera uma desigualdade tremenda, juntamente com a proliferação de "favelas", invasões e bairros onde predomina a extrema pobreza.
Por mais que a situação do país venha melhorando muito nos últimos anos, ainda não é suficiente para vislumbrar para nossa região uma perspectiva igual ao do eixo Centro-Sul do país.
Além disso, nesta cidade, pela sua distância e sua "recente" conexão com o resto do país (vide Belém-Brasília em meados de 70), tem em seu teor uma população predominantemente provinciana, ou seja, com ares de cidade pequena, no popular, "matuto". Dessa maneira, muitas pessoas, recentemente, ascenderam socialmente, graças ao crescimento econômico mundial recente e mais especificamente o brasileiro. Frente à isso, podemos colocar que isto tornou os belenenses de certa forma deslumbrados com a magnificitude do poderio econômico ao qual não estavam acostumados.
Fora esses, podemos citar imigrantes de outras regiões do país e lugares ainda menos favorecidos que vieram em busca de emprego e acabaram por ascender socialmente e financeiramente, encontrando seu lugar.
Em poucas palavras, a maioria ainda sem capacidade de encontrar seu lugar em uma sociedade predominantemente moderna, onde o individualismo deveria ser deixado de lado, em prol da maioria, ao menos na teoria.
Tudo isso faz com que Belém seja isso que é atualmente, com seus problemas e suas características entre sua população mais abastada, carecendo de uma mentalidade e sofrendo de problemas que ainda precisam entrar na cabeça dessas pessoas para começarem a serem corrigidos.

domingo, 3 de maio de 2009

despertar

E então ele viu-se no mundo dos loucos. Aquele um onde não há limites, nem mesmo regras. Foi quando ele compreendeu o tortuoso caminho pelo qual a humanidade se inclinava, e o quão distantes da verdadeira sanidade eles estavam. Sentia e compreendia o mundo da maneira que se encontrava. E entendia também as razões que o levaram a isso. Cada vez que inspirava, sua consciência o tornava mais são, quando se olhava de fora e percebia o quão louco estava. Cada devaneio que fazia entendia os problemas, as dificuldades, e se perguntava: porque? E se perguntava quem responderia, se havia alguém ao menos capaz. Sua consciência aumentava e via as guerras, a fome, o individualismo, colidindo com os princípios básicos da existência: o amor.
E então ele acordou, e viu-se de volta ao mundo são, aliviado. O que o assustou foi por um momento pensar que agora estaria verdadeiramente no mundo dos loucos, onde não há limites, nem regras, reais. Mas logo esqueceu e dedicou-se ao seu despertar habitual de toda manhã.

quarta-feira, 18 de março de 2009

homem

Muito bem, dois meses parado e eu aqui de volta. E volto falando sempre do mesmos assuntos. O comportamento agoniante dos cidadãos da minha pequena grande cidade. Na verdade, não tenho mais nem palavras pra ficar descrevendo se o que me irrita é X ou Y, assado ou cozido. Finalmente, descobri que tudo me irrita, e não é só nessa cidade não, são as pessoas.
É a maneira com que as pessoas atualmente vêem o mundo. Não falo só da ânsia materialista cultuada no mundo conteporâneo, mas da descrença nos valores morais e na tradição, seja ela qualquer uma. Creio que, de uma maneira ou de outra, o homem entrará em colapso. Veja bem, não sou crítico do capitalismo. Muito pelo contrário, pois acredito que o Neoliberalismo seja a política mais adequada à prosperidade das nações atualmente.
O que ocorre é que há sempre uma busca pela tecnologia, pelo desenlvimento, pela prosperidade, material, é claro.
O homem esqueceu-se do maior e mais abstrato conceito descoberto pelo homem moderno: a felicidade, seja ela o que for. Seja correr atrás de borboletas em uma linda paisagem nórdica, seja estar em uma cidade fria pegando neve, seja ela comer sushi eternamente e por aí vai. A importância da felicidade foi totalmente desvirtuada em nosso mundo moderno.
Em minha crença, essa busca desvairada e incessante pelo topo do nada vai resultar em consequências catastróficas, cedo ou tarde. O mundo, (entenda-se a terra, pelo "modesto" conceito) irá entrar em colapso. As pessoas um dia pararão, olharão em volta de si e se perguntarão: o que eu estou fazendo aqui? Isso obviamente no dia em que elas atingirem um estágio de pensamento e inteligência suficiente para refletir criticamente sobre esse assunto e questionar-se dessa maneira.
Assim, tudo mudará. Todos os conceitos mudarão. Toda essa busca pelo nada terminará. As guerras acabarão. As brigas terminarão. Tudo reflorescerá, como uma inominável primavera da vida. Então, o planeta terra deixará de ser um planeta de provas e espiações¹, e o homem conhecerá um novo período de plenitude, desta vez espiritual.


1. Segundo a doutrina espírita de Allan Kardec, o planeta terra é um mundo de provas e expiações, uma espécie de purgatório, onde ainda existem muitos elementos negativos de planos inferiores, tais como violência, criminalidade, corrupção, dentre outros. Segundo esta mesma doutrina, o planeta deixará de ser desta maneira, e será elevado a uma outra condição superior, onde estes elementos desaparecerão.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

céus de janeiro

Os dias de Janeiro são sempre muito característicos. Talvez porque quem vive habitualmente nesse calor infernal tenha uma leve trégua, não sei. Mas o fato é que sempre se torna muito aprazível. Seja pelo clima mais ameno, seja pelas lembranças que Janeiro traz.
Lembro muito da minha época de colégio. Sempre as incertezas e inseguranças, unidas a euforia do início das aulas. Quem seriam nossos professores? O ano será mais árduo desta vez? Nossos colegas de classe? Some-se a isso o final das férias. Para uma criança não tem coisa melhor.
Acredito que para muita gente também Janeiro seja assim. Associando as chuvas com esse clima de euforia e incerteza. Um clima de expectativa, cumpridas ou não, que sempre haverão todo início de ano. Mês de boas lembranças. Sempre com a esperança de que o ano novo traga novos planos, novas prosperidades.
E que usemos as boas lembranças para nos fortificar e lutar para que nossas vidas e o mundo se torne um lugar melhor e mais agradável de se viver. E que busquemos a tão sonhada felicidade.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O Grande Irmão

E vai começar o novo Big Brother, no caso, a nona edição do programa. E eu estou animadíssimo pra ver. É como um circo dos horrores com pessoas de verdade. Pessoas reunidas realizando as maiores estapafúrdias imagináveis em busca de um prêmio de um milhão de reais e fama. E não, não vou compactuar com a massa cultura inútil brasileira e maldizer o programa, enquanto que mal sabem por que lado anda a arte, cinema, música e cultura de um modo geral, apesar de existirem exceções.

Nada mais bem bolado. Atores reais, vivendo suas vidas reais por míseros um milhão, dinheiro que se resume talvez a um cachê de uma novela das oito, por exemplo. Mais bem bolado ainda é a satisfação com que cada um entra na casa. Eu mesmo pensei em me inscrever pra uma edição do programa, mas desisti quando percebi os atributos físicos dos concorrentes, descobrindo que eu ainda precisaria comer muito chibé de farinha pra chegar lá (leia-se academia).

O programa diverte? Com toda certeza, meu elementar. Tiro por mim, que não suporto nenhum tipo de programa de televisão, seja ela aberta ou fechada, cultural ou não, inútil ou educativa. Impressionantemente, me cativo demais com o Big Brother. Não sei explicar. Talvez ansioso por ver no que dá óbvios estereótipos brasilianos de diferentes regiões convivendo entre si. Surgem heróis, vilões, mocinhas, bandidos, claro, tudo com uma pitada da Globo, utilizando-se da fantástica ferramenta de edição e charges toscas do http://www.charges.com.br.

Este ano, pra coisa ficar melhor ainda, vai ter uma paraense concorrendo pelo prêmio. Agora que todo mundo, gostando ou não, vai saber do programa. Mesmo aqueles que dizem não gostar, mas que estranhamente falam mal de um ou outro participante. Aí vai ter campanha, chororôs, lan houses contratadas pra votar, manchetes de jornal e toda a pavulagem que tiver mais.

E eu, vou ficar de leve, curtindo meu Big Brother depois de Caminho das Índias, que vai estrear, enquanto que a grande massa se come viva, numa infindável e porque não inútil luta pela sobrevivência cultural no severo mundo globalizado de imposições dadas à escolha.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

ainda sem nome

Aquela música, aquele som. Aquela vibração do ar, intimamente ligada a memória. Aquela lembrança. Trazidas a tona pela memória auditiva. O sentimento. A vontade de querer estar. O impulso primitivo do desesperar. O desejo de chorar. Lembrando, lembrando. Parte do cérebro acionada. Sentimento sem nome, daqueles que só quem sente pode saber. O ímpeto de não poder voltar. As lembranças associadas a cheiros, sons, gestos e imagens. A consciência de que passou. O retorno à razão. O acordar do sonho. O desbaratar da imaginação.